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um blog da diáspora blasée

Homens éticos e sensíveis - Um inferno astral

Março 13, 2009

A segunda adolescência de D. Juju chegou por volta dos 34, 35 anos e coincidiu com aquela fase em que ela começou a sentir que todo um novo horizonte se abria à sua frente. E o que é que ela vislumbrava nesse horizonte? O que ela começou a ver foi que passara a atrair duas espécies de homens.

 

O primeiro grupo era formado por aqueles a quem ela chamava Os Taradões. Os Taradões eram quase todos homens entre os 50 e os 60 anos, que antes a achavam muito nova, mas que com a chegada de algumas rugas, gordurinhas e os novos implantes de silicone, a começaram a fixar de forma lasciva sempre que ela decidia correr no calçadão. E se com Os Taradões podia ela bem, empinando ainda mais as maminhas e seguindo em frente entre o irritada e o levemente ausente, Que se fodam os tarados; o grande problema passaram a ser - por causa do seu gosto excessivo pela literatura -  os homens de um segundo grupo, para os quais a letrada Juju logo arranjou nome: Os Éticos-Sensíveis. Os Éticos-Sensíveis não eram  apressados, permaneciam imenso tempo na vida dela, todos enrolados em fosquinhas e sms - Dorme Bem, Saudades Tuas, Acordas a minha líbido - a horas bastante improváveis e que portanto a faziam pensar em probabilidades várias, coisas com amassos, beijos grandes, pequenos, com e sem língua, lambidelas e afins. Só que não. Não, não, não. Esses homens sensíveis e poetas na hora H fugiam como ratos, deixando-a baralhada e pior invocando  éticas várias,  a que ela não considerava responder por causa da sua formação judaico-cristã, problemas com a mentira e com a verdade, que a levavam a pensar em infernos astrais que só vieram a  acabar no dia em que o Ético Sensível Número Quatro começou a sentir dores lombares fortíssimas, por causa de um trabalho muito bem efectuado por Mãe Valéria e Oxossi, que metia mariposas e queimas de uma vasta colecção de poesia latino americana. 

Dizem os vizinhos que sim, que foi tudo isso e mais uma repetição sincopada da frase, Poesia Never More, Poesia Never More. Talvez.

 

 

 

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