Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

um blog da diáspora blasée

O meu tesão

Novembro 29, 2007

Peço desculpa aos entes queridos, aos amigos de sempre, aos amigos tão amigos que continuam estoicamente a ler o blog. Porque vou fazer algo que sempre disse não fazer aqui. Pensar duas vezes antes de escrever. Mais que cinco minutos, sentada no sofá, vou não vou, vou não vou. Vou. Se fosse outra pessoa. Mas não sou. Se escrevesse tão genialmente como, mas não escrevo. Por isso não fico bem se não explicar, mesmo que para apenas dois grunhos, incomodados com o meu t.
Eu tenho um fraquinho por intelectuais. Tenho. Sempre tive. Os pretos adoram-me, mas eu caio é por intelectuais. Sempre disse que iria para a cama, nas calmas, com o Woody Allen, nem que fosse para fazer aquela parte da Dianne Keaton no Noivo Nervoso, Noiva Neurótica, a fumar um charro enquanto ele se despacha.
Gosto muito de coisas intelectuais, da pica que isso dá. Podia viver uma vida inteira só assim. Imaginando. Já mantive amores sem ver, sem tocar durante imenso tempo. Se bem que no fim sempre vá lá tocar um bocadinho, um bocadinho, nunca muito, para não estragar.
No Brasil, dizer que fulano ou sicrano é um tesão, não tem um significado tão, digamos, intenso, como em Portugal. É um adjectivo bom, bonito e corriqueiro, que passei a usar quando acho que alguém é especialmente propenso a ele.
O Pedro Mexia, quando escreve dá-me t., não posso controlar e ele não tem culpa. O Jabor quando escreve dá-me um t. enorme, o Mainardi, o Amor Atrevido também. A cantora dos Nouvelle Vague e o Dostoievsky e alguns outros intensos de quem às vezes preciso meter férias, idem. Adoro viver assim e quando não vivo vou à procura. Mesmo que isso vos chateie. Get a blog!
adenda: o filme é o Annie Hall. E os gajos que me chatearam por eu ter t. não conhecem o Pedro Mexia.

gmail (sem assunto)

Novembro 28, 2007

Então cá ando. No outro dia a pensar em ti cheguei à conclusão que ao contrário do que dizes, vou muito mais ter contigo, saber de ti, do que tu vens ter comigo, saber de mim. Já sei que não vais concordar, mas também não faz mal, que nunca gostámos dos mesmos livros. Não sei se estás a par mas o Pedro Mexia linkou-me e isto foi prá qui um reboliço, quase se me estragou tudo. Não conseguia abrir o mail do google, sim meu querido, dois ou três a descomporem-me e assim uma cagada. Já não bastava o meu pai e os amigos de meu pai a lerem, mais aguentar com os admiradores do Mexia, indignados com as minhas coisas e a chamarem-me nomes, sei lá. Fiquei a pensar se ele não seria uma pessoa muito sozinha porque ninguém lhe pode dizer nada, nem ele a ninguém que vinham logo todos atrás. Depois, para apaziguar, lembrei-me de publicar uma foto minha no blog, aquela em que dizes que estou especialmente parecida com a Adília Lopes. Mas depois pensei, que merda tás louca, isto ainda não é um Luna Parque e portanto é deixá-los rabiar. Tenho muitas saudades tuas. Leio muito o Rubem Fonseca, sublinho frases inteiras que pretendo usar depois, como se fossem minhas. Também gostava de estar aí a passar o Natal. Comer Rabanadas debaixo de um sol de 40 graus, tu sabes, só mesmo para fazer pirraça a amigos como tu e depois contar como é lindo passar o dia 24 até à hora da ceia, a torrar na praia.

Os normais

Novembro 27, 2007

Eu, que não passo de uma pessoa normal, sei que vou gostar do livro do Miguel Sousa Tavares.
É que vistos daqui, parecem todos um bocadinho fóbicos com isso. E para acabar devo dizer que sim, que ele vende muito aqui e é conhecido. Ele e a Teresa Salgueiro, dos Madredeus. O resto é nicles batatinhas. Zero. Deserto. Ou mulheres peludas, com lenços na cabeça, em ranchos folclóricos. Ou o "saco do Saramago".

Crítica Literária no Brasil

Novembro 27, 2007

"O leitor vai torcer o nariz e perguntar, irritado com meu entusiasmo: Mas, afinal, por quê? Qual é a dele, desse tal de Proust, que dizem que era veado?"
Arnaldo Jabor, também ele um intelectual e um t.
Hoje, no Globo.

Na barraca do Panela

Novembro 25, 2007

Cheguei à praia, olhei do calçadão, desci os dois degraus frente à bandeira verde rosa (não sei se do flu, se da Mangueira) veio o Panela.
Oi gata, Oi Panela, Cadeirinha gata? Cadeirinha, Panela. Despi o vestido, que dobrei em cima das havaianas, ao lado da cadeira. Tirei a canga da sacola. Arrumei os fios do biquini, prendi os cabelos e finalmente sentei-me a ler, o dicionário Houaiss. É que nunca se sabe quando um "intelectual" poderá aparecer. Ali fiquei incapaz de me concentrar, em tão puxada leitura, já que duas sapatonas giríssimas chegaram a seguir. Li quarenta vezes a definição de tesão, totalmente concentrada na barriga da que estava deitada ao meu lado e que eu via por trás dos óculos Ray-Ban.
Desconfiadas, não é normal nem para mulheres do Leblon, ler o Dicionário Houaiss da Lingua Portuguesa, na praia, levantaram-se e foram no mar. Fiquei a olhar para a bunda da bonitérrima. Fechei o calhamaço e pensei: Meu Deus como eu odeio arte contemporânea, ainda está para chegar o gajo capaz de me convencer que "três cócós metidos dentro de uma lata é arte". Salvé grande Gullar.

Pág. 1/4

Mais sobre mim

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Para Interromper o Amor

Correio

folhassoltas@gmail.com

Arquivo

  1. 2011
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2010
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2009
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2008
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2007
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  1. 2006
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D