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um blog da diáspora blasée

Sebastian thinking

Janeiro 10, 2008

Quando Sebastião se meteu dentro do avião para atravessar o oceano rumo a São Paulo, uma cidade que lhe interessava pêvas, era esta mulher que ele queria. Incrível porque Marta não era sequer o seu tipo físico. Nunca tinha gostado de ruivas e ao contrário da maioria dos homens que têm fetiches com ruivas, sempre que ela se despia tinha sérias dúvidas se era com uma mulher de pelos púbicos cor da cabeleira de um palhaço, que iria passar o resto da vida.

Padaria Rio-Lisboa

Janeiro 08, 2008



Tempo abafado, bifes com batatas fritas para o jantar. A ler O Romance Acabou, do Rubem Fonseca. Mas às vezes preciso de ler coisas anglo-saxónicas. Oiço Burt Bacharach, não escrevo a ponta de uma frase de jeito. O meu filho ganhou o tal celular. A padaria Rio-Lisboa continua suja imunda, que aqui não há Asaes. Lá, compro sempre um frango assado que costuma ser transportado a arrastar pelo chão. Quem quer também compra umas batatas calabresas, feitas na gordura que os frangos vão escorrendo enquanto assam na máquina. Um nojo, mas especialmente saborosas. Saiu no Globo que as praias estão todas impróprias. Muito coliforme fecal. Cócós a boiar. Achei o mar, hoje de manhã, especialmente caudaloso. Os putos surfaram toda a manhã. Voltei a correr. A cara da Marisa Letícia está igual à da Marta Suplicy. Pensei que podia estar grávida durante toda a semana passada, pensei nos nomes: Rosarinho, que era o nome da minha tia, ou Salvador já que me viria salvar de um descalabro eminente. Já ia a Lisboa, também. Era um pão na chapa e um cafezinho, Seu Zé, por favor.

Love Story

Janeiro 06, 2008

Os diálogos, depois das cenas de sexo eram a parte mais delicada. As pessoas dos livros deveriam falar como na vida real e já agora foder como na vida real. E nem falavam nem fodiam. Ou fodiam, mas mal.
Apressemo-nos, que apesar destas deprimentes considerações, Sebastião continuava a querer estar com Marta, e cada vez mais e exatamente dessa outra maneira que todos sabemos qual é, e que nos fez rir à toa, dado o seu problema de expressão, causado mais por embaraço que por totozice, mas não sejamos nunca caridosos com Sebastião, que deitado, de pau duro numa cama e fodendo à bruta ou comendo-a como nunca ninguém, inspirava tudo menos caridade. Havia no entanto, um pequeno atenuante, Sebastião, o megalomaníaco, rabugento, arrogante, estava passadinho de todo, talvez apaixonado.

Aganju

Janeiro 04, 2008

Estávamos no Jobi, umas três e tal da manhã tomando a saideira, quando entra a Bebel Gilberto. Eu que sou conhecida pelos meus amigos por estar sempre a ver figuras públicas em pessoas comuns, uma vez, em Nova Iorque, vi o William Hurt a comprar calças de ganga, disse: Olha acabou de entrar a Bebel, ali ali, estão a ver? Esperei que se certificassem com os comentários jocosos habituais e comecei a gritar: BE-BEL, BE-BEL, BE-BEL.
Tenho 37 anos. Não me lembro dos meus pais com coisas destas aos 37 anos. Devo ser uma extravagante ou uma alcoólatra.

Não gostar nada de mulherzinhas

Janeiro 02, 2008

Pois bem nunca gostei daqueles seres que nas festas de adultos mais pensam no bem estar das crianças. Sequer me passa pela cabeça o que vai ser a comidinha das crianças e se há balões, ou se as ditas se podem queimar com as velas, ou afogar no mar, ou ficar enlouquecidas porque escorripicharam os copos todos. Normalmente vêm ter comigo a meio da noite, esganadas, mando-as comer batatas pala-pala cheias de gorduras trans, ou em casos extremos amendoins e cajus. Adoram.
Pois bem, mas foi exatamente no meio de mulherzinhas hiper extremosas que passei o Reveillon. E ainda tive que passar a noite a dizer RE-VEI-LLON, que é uma palavra que não lembra ao menino jesus e que sou incapaz de pronunciar sem me engasgar; Tive uma professora de Francês que metia tanto medo, que morreu antes do ano terminar. Tinha 15 anos e só agora consigo verbalizar isto, Não há coincidências, there´s no music of chance babies.
Coca Cola never, entrar no mar never, never, never. Lá para o meio da noite tentei oferecer um trago de Skol a uma HC ruiva irritantezinha, que em vez de experimentar, ceder à tentação não, desatou aos berros e foi fazer queixa ao invisível pai. Invisível ou nerd, a blogger aqui hesita na caracterização da personagem.
Tive atrás de mim uma outra, feia ainda por cima, acho que não, que não era a mãe da ruiva irritantezinha, enfernizando-me toda a noite com mini hhottteee doguis, mini brigadeiiriiinhos, mini pastinhas, mini fodinhas (isso não tinha, claro) numa simpatia trucidante.
Como também sou educada e não queria ficar sem lhe dar nada, ofereci-lhe o que tinha: um mini baseadinho, mas a essa altura ela já devia estar zangada comigo e não quis.
Pulei sete ondas com alguma dificuldade motora, comi quatro passas, as outras cairam no chão e quis ficar com um barquinho lindo que tinha vindo dar à praia, já sem flores. Elucidaram-me que se o fizesse o ano ia ser catastrófico e eu iria passá-lo todo a falar inhos e inhas possuída pelo espírito bonzinho da Xuxa. Pelo que o deixei ficar, largado na areia.
Catástrofes por catástrofes prefiro as que não posso evitar. Os garis que se lixem, vai sobrar pra eles.
A propósito, não liguei a ninguém, nem ninguém me ligou. Água de beber, água de beber, camarada.


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