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um blog da diáspora blasée

Sobre gostar de cabeludos

Fevereiro 20, 2008

Como isto anda tudo ligado - uma vez enlouqueceste e compraste um disco do José Mario Branco - aproveito para te agradecer aquela importante lavagem cerebral, dentro do Mehari. Aquela, estarás lembrado e não me deixarás mentir, em que tiveste que apelar para a falta de papel higiénico e pensos higiénicos, na União Soviética, tão mal paradas vias as coisas.
Pois resultou. E também te quero agradecer, nunca teres entrado em casa com esse jornal que todos os meus amigos leram, O Diário de Lisboa - se eles comiam criancinhas o DL devia vir com páginas infantis, não sei.

Neuzinha

Fevereiro 19, 2008

Neuza Maria Aparecida de Jesus era nada mais, nada menos, do que um esplendoroso corpitcho de passista mulata. Uma bunda que minha nossa senhora. Penugem toda loira, à custa de várias caixas de Blondor. Cabelo ruim mas sujeito a chapinhas várias. Pernas de gazela.
Neuzinha era de Vila Isabel, terra de Martinho da Vila e Martnália. Aos doze menstruou e tinha dois caroços nas maminhas que prometiam já tudo o que viriam a ser, mesmo sem litros de silicone. De portuga só conhecia seu Antônio da Padaria, de bigode e mal lavado. Por isso tanto se espantou no dia em que lhe disseram que o doutor lá, era assim uma espécie de portuga. Espécie, porque em nada lembrava os patrícios. Muito lindo e bem posto e atencioso e com uma aliança enorme no anelar da mão esquerda.
Nessa altura Neuzinha ainda ficava com um lutador de jiu-jitsu, de braços de Popeye e cabeça de pitboy, que respondia pelo nome de Bruninho e jamais lhe daria condição. Apesar disso chorava muito por ele e foi num desses choros que Miguel a consolou, concentrando-se nas lágrimas e bundas de Neuzinha. Que Neuzinha era uma só, mas parecia muitas, muitas, muitas.

Cavalos e cenouras

Fevereiro 19, 2008

E agora? Agora senta na sarjeta e chora. O cara é freudiano. O cara é em Botafogo, esquina com a Farani. Onde quando estão 34 graus, estão 40 de certeza. Ao lado de uma loja Casa&Vídeo cheia de discos do Chitãozinho&Xoróró e vendedores pouco inteligentes. Daqueles que dizem oi? Oi? Nas duas últimas sessões apareceu com umas camisas (mas eu não estou ali para isso) e sentou-se com as pernas de uma forma esquisita: abertas. Pergunta se eu conheço a história do cavalo e da cenoura. Eu imagino que sou o cavalo, tudo são cenouras. Nova modalidade de inferno. E agora? Agora senta na sarjeta e chora.
Fujo de lá e vou comer uma empada - ainda cheia de merda da sarjeta - Como três empadas: duas de palmito, uma de camarão. Nunca sei o que fazer ao caroço da azeitona. Engulo-o com um matte-leão. Então e agora? Agora senta na sarjeta e chora. Not even the rain has such small hands? Não, aqui não mora ninguém com esse nome. Até porque, olha lá a estupidez.

"Excessivo na escrita"

Fevereiro 15, 2008

A expressão é maravilhosa e não sei se é do crítico, se do escritor, mas é.
Têm-me acontecido, não que eu seja um André Sant´anna, que nem lhe chego aos calcanhares, ou se quiserem ao pau, algumas decepções quando conheço pessoas que lêem o blog. Sou desapontante. Existe desapontante? Não sei bem. Mas não sou excessiva. E acho que esperavam uma excessiva boazuda e libertina. E se isto é bom, porque o mais perto que alguma vez chegarei daquele sonho muito classe média de escritora e pessoas a fantasiar e não sei quê, muito bom para o ego, é por outro lado, um problema. Que tenho essa coisa de querer agradar a todos, que ainda não tive o meu cancer que me deixasse mais egoísta ou mais centrada. Então, desapontados se vão, já vendo do que a casa gasta e eu com pena imensa de não ter correspondido ao imaginário e mais importante ainda, com um cagaço enorme que deixem de me ler, porque se desencantaram, diriam os literatos - que não gostam de cus, paus e bucetas - ou porque, mais exatamente não sou, nunca serei, aquele tesão imaginado. Nem outras coisas, nem outras coisas. Giras. Mas outras. Giras. Mas não interessa que escrevo (escrevo?!) para um grupeto que só sonha. Não pede. Não faz. Não nada. Nem eu. Eu? Eu, É assim mais para cara de desenho animado (sic).
Vem isto a propósito deste post do Bibliotecário de Babel. E porque hoje não houve Dr. Zieger.

gostar de apanhar

Fevereiro 13, 2008

Dr. Zieger: Mas como pode ter a certeza de que já não corre esse perigo?
Parva: Porque deixei de me policiar.
Dr. Zieger: Deixou de se policiar?
Parva: Sim. Passei a não ter medo de dizer sanita, em vez de retrete. Ou prenda, em vez de presente.
Dr. Zieger: Nessas alturas você se achava uma cagada?
Parva: Uma perfeita cagada.

JABOR

Fevereiro 12, 2008

"McCain é prosa e Obama é poesia. McCain nos oferece sua resistência ao câncer, seus cabelos brancos, o sofrimento mudo, o prisioneiro de guerra que resistiu. Tudo nele é resistência e dignidade. Um avô baby-boomer. McCain nos oferece o republicano que evoluiu. Bush é o macaco, McCain é a evolução da espécie. Obama é o novo. Mas, o que é o "novo"? Obama tem um slogan igual (sic) ao do Lula: "Hope over Fear" - Esperança além do medo, disse num discurso. Obama não passa a imagem do "pantera negra", do negro revoltado. Obama é um populista, mas um populista para intelectuais, para "Harvard men".

Mais à frente....

"Hillary não é sexy, tinha apelido de Miss Frigidaire na faculdade. E a imagem de sexo que ela evoca é a Mônica. enquanto Bill vai atrás, marcando como um príncipe consorte, reparando a traição. É impossível vê-la sem pensar na "outra". Mas isso dá ibope entre as mal amadas, tantas na América."

Arnaldo Jabor (na crónica de hoje do Globo, procurem o link), que deveria estar casado com a Mónica Belluci, em vez do Vincent Cassel. Um dia ela entenderá.

Futvolei

Fevereiro 10, 2008

Voltar a casa. Sair do avião e levar o encontrão do bafo de calor úmido. O cliché do cheiro a terra. Mas há um cheiro a terra. E também há o cheiro inconfundivel a merda, da Baía de Guanabara, de que falava Sérgio Vieira de Melo. E não é para todos o cheiro a merda. É só para os eleitos, os esquisitinhos hão-de fugir logo, em busca de lugares mais fáceis. Que tal a Sardenha? Um dia hei-de gostar da Sardenha. Hoje preocupo-me com questões mais triviais como o caso do tapa-sexo de quatro centímetros da passista, que caiu durante o desfile. Menor que um band-aid. Voltar. Despir a Europa. O fardo da Europa, sai tudo enquanto descalço as botas, arranco as camisolas e pullovers aos miúdos, tiro as calças e por fim calço as havaianas, ao fim de quinze dias. Vocês não podem saber o que isto é. Dormir depois e acordar com o som do pássaro maluco que me desperta a partir das seis da manhã. Acho que é sempre o mesmo pássaro.
Espero ser activamente espancada, da próxima vez que me queixar.

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