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um blog da diáspora blasée

O despachante – end of the affair

Agosto 13, 2008

ESTAVA CLARO QUE O GORDO ACHAVA QUE O PROBLEMA ERA EU, porque ainda olhando para mim, mas passando por cima de mim, disse cúmplice ao Alfredo, Essas madames Zona Sul gostam de uma encrenca, né doutor?
E chegando-se à frente para que os garçons não ouvissem segredou, Pois pode falar que aqui o Valdisney vai resolver.
Valdisney? Mas me disseram que quem vinha era um tal de Orlandão que conhecia todos os policiais lá na alfãndega...
Mas doutor, tá me estranhando?
Não, desde que você me assegure que vou poder passar os enchidos e os queijos da Serra...
Asseguro sim senhor, ou eu não me chame Valdisney e virando-se para mim, perguntou, E a madame, qual é a sua graça?
Magapatológica, seu otário de merda.
Levantei-me e saí. O Valdisney, como todos os canalhas usava sapatos cor de merda. Um mau agoiro.
Na rua o Alfredo perguntou-me, Estás mal disposta, querida? Mas eu, transida de saudades da terrinha, só conseguia pensar nos chouriços.

O despachante

Agosto 12, 2008

NO BRASIL QUANDO SE QUER FAZER alguma coisa bem feita – entendam o que quiserem – recorre-se a um Despachante. Pode ser matar alguém. Eu não queria matar ninguém. Queria poder trazer uns chouriços e umas morcelas e uns queijos de Portugal e saber que iriam chegar seguramente ao destino. E é para esse tipo de coisas que um Despachante serve. Os meus amigos cariocas já se queixavam que há muito não degustavam essas iguarias, nas noites quentes do Rio, as janelas de meu apartamento abertas, bons vinhos, broa do Capixaba, enfim. O problema é que não se sabia porquê, as malas dos vôos TAP tinham passado a ser apreendidas bem antes de chegarem à esteira. E as conversas já decorriam à volta de avançados modelos de raio x que possivelmente estariam a ser usados pelos políciais e que conseguiriam diagnosticar o mais insignificante chouriço enfiado dentro de um sapato, para grande alegria dos bofes e enorme vergonha dos emigras apanhados no flagra, sempre sofrendo com os risinhos e olhares oblíquos de patrícios chiques europeus e modernosos, na fila do desembarque.
Marcamos um encontro com o Despachante no Le Coin. Era gordo, como todos os Despachantes e seboso. Não tinha pescoço e suava muito. Desculpou-se do suor, enquanto pousava a pasta e pediamos ao Lopes uns tira-gosto e três chops.
Então doutor, qual vai ser o probrema? Perguntou , sem tirar os olhos de cima de mim.

Mercado Modelo à esquerda Elevador Lacerda ao meio e Carol Castro à direita

Agosto 11, 2008


NA SEXTA-FEIRA ÀS QUATRO DA TARDE estava metida debaixo de um edredon na minha cama, tentando desesperadamente descansar. Muito cansada, mas muito excitada também, quase me senti mal, do tipo bofes a sair pela boca. Tomei um comprimido de novalgina e a metade do outro obrigatório e ao fim de meia hora, dormi. Fiz a respiração preventiva que costumo usar dentro do Airbus para me acalmar. Não me fui depilar porque simplesmente não me conseguia mexer. Pensei, não há-de ser nada, o homem tem-me aturado neste estado, como um herói, prometo que de segunda não passa (não passou). O amor de todos os dias é uma coisa difícil e nós temos prática. Então subornei-o com a Playboy da Carol Castro e disse-lhe: Vá toma o corpo dela e aproveita a minha cabecinha. Além de tudo os dois gostamos demais do Elevador Lacerda.

adenda: obrigada Miguel.

Easy

Agosto 08, 2008

A MULHER SÁDICA SOU EU. A mulher que não se depila. A parva que trabalha em cima do calhamaço da Leibovitz com as fotografias da Susan Sontag a morrer. A Susan Sontag a morrer. O génio da literatura a passar ao meu lado na rua, mais uma vez, sim e nem lhe ligar. A mulher sádica sou eu comigo mesma. E podem acreditar que não há pior do que eu comigo mesma. Eu ao quadrado. Perguntem a quem sabe. Dou nomes e moradas. Banalidades jogadas fora no consultório do Zieger. Eu posso. Eu pago.

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