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um blog da diáspora blasée

100.000

Março 30, 2009

No outro dia perguntaram-me porque escrevia aqui. Bem, a pergunta começou por ser outra. Para ser sincera, perguntaram-me porque tinha começado a escrever aqui. Não querendo voltar a esses tempos de fantasmas e dores e estupidez e não querendo - ou não conseguindo? - relembrar a figura do monstro, respondi, recentrando  a questão em mim e esquecendo aqueles dias de borrasca: É tudo por vaidade.

Hoje passámos os cem mil. E como nos AA continuaremos a seguir os Doze Passos. Obrigada pela companhia.

Domingo

Março 29, 2009

Acordei cedo. Não tão cedo como no Rio, porque nenhum barulho me chega da rua, que a casa é nova e tem vidros duplos. Gosto muito dos vidros duplos às vezes, outras não. Hoje foi assim-assim.

Como estou sozinha, virei-me para o lado e pensei em ler o ípsilon que me parece, de longe, a leitura mais interessante na cidade. Mas depois lembrei-me que o jornal estava, desde sexta feira, no banco de trás do carro. Fiquei chateada que gosto de acordar logo a ler qualquer coisa.

Nas vezes em que não há nada em cima do criado mudo, recorro às bulas dos remédios. Nunca disse aquela coisa, ai vou reler tal livro,  (até porque nunca tenho cu. quando terminará esta linguagem, também não sei) mas já reli e treli muitas, muitas bulas. Algumas mulheres incham e têm neuroses e basicamente são as bulas dos remédios que curam essas maleitas.

 

Mas, entretanto vi,  mal porque ainda estava sem lentes, que num acesso de bom gosto tinha comprado, na Fnac,  Portraits and Observations The Essays of Truman Capote, por causa da capa. Infelizmente não me motivei, muito cedo para ler as letras pequeninas da edição da Modern Library.

 

Nisto já tinham passado alguns minutos e temi voltar a passar o dia deitada, a pensar em merda e a passar manteiga emoliente nos pés, por causa dos sapatos assassinos que usei na noite de sexta feira e se mostraram totalmente desadequados para descer a Calçada do Combro e a Rua da Bica. Ando esquecida do que é Lisboa. O amor também é assim, uma bruma. Basta um tempinho que logo se deixam de ver os fantasmas que nos acordavam de noite.

 

Enfim, levantei-me. Bebi da garrafa do Luso que estava no chão e tomei um duche rápido com a idéia de  logo depois, nas partes previamente limpas, colocar as Parches Reductores Anticelulíticos  UNISEX do Dia, que minha mãe, sei lá porquê, me trouxe de presente na quinta feira, mas como tocou o telefone e eu tive que ir até à sala e a minha sala ainda não tem cortinas, enfiei-me dentro das calças, outra vez  sem os patchs que reducen la grasa localizada y el volumen corporal.

Algo que também não me parece que vá acontecer, se continuar a comer bolachas recheadas de chocolate a um ritmo que nem eu aguento. Deixem, depois vomito.

 

O meu signo diz que este mês é para esquecer, mas minha Mãe de Santo não. E há a força do pensamento e as bolachas chiquilin e umas àguas que agora se compram nas mais finas casas e fazem coisas. E desde que cheguei a Lisboa preciso comprar um soutien. Portanto lá saí.

Meti-me no carro, com os Deolinda, os Nouvelle Vague, um disco de êxitos com os pretos todos da Motown e o Jamie Cullum. Abri as janelas, liguei o volume no máximo e fui à caça. Acontece que não há soutiens sem espumas nesta terra. Não há. E assim, o dia acabou comigo a olhar fixamente para as mamas de todas as mulheres (giras) que passaram por mim. A ver se entendia a cena ou as melhorias locais.Não entendi. Mas tive vontade de esticar o dedo apontador, perfurar uma e perguntar: Desculpe lá, são verdadeiras ou têm chumaços? Preciso mesmo de um soutien.

E Lisboa? Que linda que está.

 

 

 

 

 

 

 

 

Deolinda

Março 25, 2009

Estar com amigos aqui. Pastéis de Belém, copos de ginja com elas, Deolinda em repeat no carro com as janelas abertas. Este sol deve ter vindo todo para mim.

folhinhos

Março 20, 2009

Agora quando fazem manha nos jogos, os jogadores do Figueirense, clube de futebol do Rio de Janeiro,  são obrigados a vestir uma camisola (camisa de noite) cor de rosa com folhinhos,  nos treinos que se seguem à ronha.

Hoje, no Globo, vinha a foto de um, cumprindo o castigo. No meu photoshop mental vesti logo uma camisola ao Nuno Gomes que é um jogador muito bonito, mas que 99 por cento das vezes falha golos de baliza aberta para a selecção.

O treinador do Figueirense pode vir a ser processado por assédio moral, comentam alguns patetas processuais. Eu cá gostava dele era para o Sporting.

as meninas do vôlei

Março 20, 2009

Acordada pela passarada,  depois de entregar o meu filho aos ensinamentos de Santo Agostinho, irei até ali à praia ver as meninas do vôlei. Vocês não têm noção.

Mas hoje o meu pensamento, enquanto lhes admiro os movimentos e os corpos perfeitos, estará com António Sousa Homem que, se não me engano muito, ontem à noite, deve ter levado para Moledo uma estatueta em acrílico.

E acredite que daqui de Ipanema, longe desses lugares frios e dessas praias medicinais, onde a percentagem de iodo faz bem às articulações, as meninas do volêi, cheias de calor e pernas estonteantes, mandarão recatadas lembranças.

Homens éticos e sensíveis - Um inferno astral

Março 13, 2009

A segunda adolescência de D. Juju chegou por volta dos 34, 35 anos e coincidiu com aquela fase em que ela começou a sentir que todo um novo horizonte se abria à sua frente. E o que é que ela vislumbrava nesse horizonte? O que ela começou a ver foi que passara a atrair duas espécies de homens.

 

O primeiro grupo era formado por aqueles a quem ela chamava Os Taradões. Os Taradões eram quase todos homens entre os 50 e os 60 anos, que antes a achavam muito nova, mas que com a chegada de algumas rugas, gordurinhas e os novos implantes de silicone, a começaram a fixar de forma lasciva sempre que ela decidia correr no calçadão. E se com Os Taradões podia ela bem, empinando ainda mais as maminhas e seguindo em frente entre o irritada e o levemente ausente, Que se fodam os tarados; o grande problema passaram a ser - por causa do seu gosto excessivo pela literatura -  os homens de um segundo grupo, para os quais a letrada Juju logo arranjou nome: Os Éticos-Sensíveis. Os Éticos-Sensíveis não eram  apressados, permaneciam imenso tempo na vida dela, todos enrolados em fosquinhas e sms - Dorme Bem, Saudades Tuas, Acordas a minha líbido - a horas bastante improváveis e que portanto a faziam pensar em probabilidades várias, coisas com amassos, beijos grandes, pequenos, com e sem língua, lambidelas e afins. Só que não. Não, não, não. Esses homens sensíveis e poetas na hora H fugiam como ratos, deixando-a baralhada e pior invocando  éticas várias,  a que ela não considerava responder por causa da sua formação judaico-cristã, problemas com a mentira e com a verdade, que a levavam a pensar em infernos astrais que só vieram a  acabar no dia em que o Ético Sensível Número Quatro começou a sentir dores lombares fortíssimas, por causa de um trabalho muito bem efectuado por Mãe Valéria e Oxossi, que metia mariposas e queimas de uma vasta colecção de poesia latino americana. 

Dizem os vizinhos que sim, que foi tudo isso e mais uma repetição sincopada da frase, Poesia Never More, Poesia Never More. Talvez.

 

 

 

Blogs, livros, namorados, coisas assim, giras.

Março 11, 2009

"Agradeci depois a não sei muito bem quem (talvez a mim próprio), ter o meu passe no bolso da camisa, porque se assim não fosse teria de pedir a alguém que me fosse buscar à esquadra, ou ir a pé, que não sendo uma coisa má (gosto muito de andar) não é praticável em termos de tempo. Fui ao emprego, onde estive duas horas sem condições mentais mínimas para trabalhar (mas tentei), e voltei para casa. Algum tempo depois fiz a posta anterior a esta. Se ainda não a leram, façam o favor de a ler, porque não escrevo para o galheiro. E já agora vão comprar o livro à livraria mais próxima porque vale a pena.

30 minutos depois recebi um email da Mónica Marques:


Se tinha caído de 4 com as referências à minha rua, com esta caí de 8, 16, 32, etc. Senti um turbilhão no cérebro e um monte de memórias há muito enterradas a virem todas juntas para a minha cabeça. A Mónica era a minha vizinha do andar de cima, e foi minha "namorada" para aí entre os 5 e os 7 anos (que alguém me corrija se estiver errado), isto até àquela altura em que os putos (estúpidos) decidem deixar de gostar de raparigas (muito temporariamente), em que decidi romper com o namoro sem razão aparente. Alguns anos mais tarde mudou de casa (ainda lá fui um par de vezes), e depois perdi contacto. Acho que já lá vão uns 30 anos...

Se o bom do Shakespeare dizia (e tudo me leva a crer com razão): "Hell hath no fury like a woman scorned", peço-te que aceites as minhas desculpas, e espero que não te tenha traumatizado muito. E já agora que a tua vingança seja suave...
"


Bruno Taborda, no Contracultura.
 

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