Após esquentar o feijão da janta
Fevereiro 29, 2008
Estávamos ontem em amena cavaqueira, eu e o meu editor - sim, ainda não escrevi nenhum livro, não, não vou escrever nenhum livro, mas é sempre bom ter um editor de cabeceira, assim como um personal trainer, e muito mais barato que um shrink , além do estilo que dá - quando de repente se fez luz e entendi que talvez tivesse chegado a hora de seguir o Jabor. O editor já estava pra lá de Marrakesh e deixei-o ir descansar. Falávamos mais ou menos de paixões, vinganças, claro, músicas e posso também acrescentar das características superiores que uma mulher precisava ter, para aceitar a sodomia. A conversa estava boa, mas pedimos a saideira, alegando cansaço de ambas as partes. Foi então que, finalmente, me senti capaz de fazer aquilo que sempre desejara: imitar o Arnaldo Jabor. Pegar no velho telefone preto de disco dele (tinha-o encontrado no balcão da Letras e Expressões, do Leblon e pedido emprestado) e ligar paro o Nelson Rodrigues pedindo apoio.
Alô Nelson, como vai, desculpa o incômodo (Roberto Leal a baixar em mim) mas precisava lhe falar. Fala portuga linda, ainda nessa terra de feriados? Sim, grande mestre e tento escrever um romance. Ah moça linda, agora deu-te para as artes? E quem você quer condenar? Condenar, mestre? Sim, garota, só os imbecis têm medo do ridículo. Condena logo alguém, se você quer transformar esse livro num best seller. É batata, batata! Viu? E desligou.