O mar estava a puxar
Setembro 24, 2008
HAVIA UM PROBLEMA A RESOLVER, mas era Agosto, em Agosto problema algum se resolvia.
Em Agosto havia o Alentejo, as praias do Alentejo com ondas e mar gelado, lancheiras com sandes de Panrico e sumo de laranja Tang que gostava de preparar para as crianças, como sua mãe havia feito para ele e seus irmãos, nos verões da sua infância.
Vasco gostava de coisas simples carros desarrumados e sujos. Mas tinha um problema para resolver e então olhava para os pés e lá estava o problema. Enterrava o chapéu de sol azul na areia e sentava-se na cadeira de lona amarela da praia, tentando descobrir alguma coisa interessante para ler nos vários cadernos do Expresso. E lá estava o problema. Besuntava as crianças com protetor solar e o problema ficava-lhe incrivelmente colado às mãos. Depois da praia, comer ameijoas estava fora de questão e isso é que era mesmo uma chatice, porque adorava os moluscos.
Poderia nunca mais lhe ligar. Mudar o número de telefone.
Em dias de grande alucinação mental achou até que a salvação era finalmente concorrer ao MNE e sair de Portugal. Mas depois sabia por algum acaso, um ou outro cheiro, que continuava apaixonado por ela. E achava que a víbora, com certeza, lhe apareceria também no Uganda, nas bolhas de moet, ele distraído em algum beberete, vendo pretas de lábios giros e rodeado de pretos soberbos e corruptos. Talvez se tentasse a Estónia. Ela nunca lhe apareceria na Estónia. Vasco mergulhou e quando voltou à superfície agarrou-se a uma rocha com muita força, porque o mar estava a puxar muito. Mas infelizmente, ainda teve tempo de pensar nela.
Em Agosto havia o Alentejo, as praias do Alentejo com ondas e mar gelado, lancheiras com sandes de Panrico e sumo de laranja Tang que gostava de preparar para as crianças, como sua mãe havia feito para ele e seus irmãos, nos verões da sua infância.
Vasco gostava de coisas simples carros desarrumados e sujos. Mas tinha um problema para resolver e então olhava para os pés e lá estava o problema. Enterrava o chapéu de sol azul na areia e sentava-se na cadeira de lona amarela da praia, tentando descobrir alguma coisa interessante para ler nos vários cadernos do Expresso. E lá estava o problema. Besuntava as crianças com protetor solar e o problema ficava-lhe incrivelmente colado às mãos. Depois da praia, comer ameijoas estava fora de questão e isso é que era mesmo uma chatice, porque adorava os moluscos.
Poderia nunca mais lhe ligar. Mudar o número de telefone.
Em dias de grande alucinação mental achou até que a salvação era finalmente concorrer ao MNE e sair de Portugal. Mas depois sabia por algum acaso, um ou outro cheiro, que continuava apaixonado por ela. E achava que a víbora, com certeza, lhe apareceria também no Uganda, nas bolhas de moet, ele distraído em algum beberete, vendo pretas de lábios giros e rodeado de pretos soberbos e corruptos. Talvez se tentasse a Estónia. Ela nunca lhe apareceria na Estónia. Vasco mergulhou e quando voltou à superfície agarrou-se a uma rocha com muita força, porque o mar estava a puxar muito. Mas infelizmente, ainda teve tempo de pensar nela.